sexta-feira, julho 17, 2020

Desalento


Desalento...
Sinto o desalento
Sou feliz, mas a minha alma sofre
Quase nunca, só agora

Agora estou oco
Distraído, focado no infinito
Apático, lúgubre
Insosso, sinto-me vazio

Perdemos o jogo e estou triste
Procuro alegria e não encontro
A fragilidade do corpo humano aterroriza-me e enraivece-me
A riqueza que encontro volta-se contra mim

Deprimo em frente ao teclado
Debito furiosamente os dissabores do meu íntimo
Nem sei o que escrevo
Os dedos trabalham fervorosamente
orientados por um alcoolizado piloto automático

Desisto, não resisto, vou para a cama
Vejo-te, no teu trono à espera que eu ocupe o meu
Indolente, indiferente a tudo, às minhas mágoas
Deleito-me, deito-me, volto a sorrir…