terça-feira, setembro 19, 2017

Fim

Frio.
Manhã.
Cinzento a morrinhar.
A onda de indistintos murmúrios é silenciada pelo silvo lancinante dos sinos. Matilhas de cães ladram e uivam como se outra razão houvesse que não o insuportável timbre.
Silêncio.
Uma voz monocórdica debita ladainhas a que a assembleia responde no mesmo tom.
Música… Ah, música… embora sem instrumento. Vozes singelas em harmonia, um pouco de paz.
Barulho.
Movimento.
Marcha.
O leve burburinho é acompanhado do ronco de um cansado motor engrenado em baixa velocidade.
Os inúteis passos de uma multidão paradoxalmente impotente.
Silêncio.
Luz.
Gritos abafados.
Vertigem.
Escuridão.
O inefável, ritmado, som da terra a embater violentamente contra a madeira. Excruciante.
Um grito (o meu). Mudo.
Silêncio.
Dor.
Solidão.
Dor.

Nada.