Fim
Frio.
Manhã.
Cinzento a morrinhar.
A onda de indistintos murmúrios é silenciada pelo silvo
lancinante dos sinos. Matilhas de cães ladram e uivam como se outra razão
houvesse que não o insuportável timbre.
Silêncio.
Uma voz monocórdica debita ladainhas a que a assembleia responde
no mesmo tom.
Música… Ah, música… embora sem instrumento. Vozes singelas
em harmonia, um pouco de paz.
Barulho.
Movimento.
Marcha.
O leve burburinho é acompanhado do ronco de um cansado motor
engrenado em baixa velocidade.
Os inúteis passos de uma multidão paradoxalmente impotente.
Silêncio.
Luz.
Gritos abafados.
Vertigem.
Escuridão.
O inefável, ritmado, som da terra a embater violentamente
contra a madeira. Excruciante.
Um grito (o meu). Mudo.
Silêncio.
Dor.
Solidão.
Dor.
Nada.