sábado, março 25, 2006

Obesidade Mental

O PROBLEMA DAS SOCIEDADES MODERNAS É A OBESIDADE MENTAL...

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity» que
revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.

Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito
em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade
moderna. «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos
perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na
altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e
conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»

Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que
de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.

As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não
conhecem nada. Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os
jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os
romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os
hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»

O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável
sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta
mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e
telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de
adrenalina,romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca
consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»

Num dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado «Os
abutres», afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de
cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas. A imprensa deixou há muito de informar, para apenas
seduzir, agredir e manipular.» O texto descreve como os repórteres se
desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado
polémico e chocante.

«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das
pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi
assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela
Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos
acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê..
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um
cateto.»

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é
contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura
banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou
doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria,
o egoísmo.

Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem
moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»